Texto
atribuído a autores estrangeiros consagrados como Wladimir Maiakóvski,
Garcia Marquez e Bertold Brecht entre outros, os tão conhecidos quinze versos no poema destacados, na verdade são de EDUARDO
ALVES DA COSTA, nascido em Niteró, Rio de Janeiro e autor de vários livros. Ao que consta, o equívoco, por alguma razão,
começou quando Roberto Freire em um de seus livros epigrafou ao poeta Wladimir
Maiakóvisky.
A Caminho com Maiakósvki
(
de Eduardo Alves da Costa)
"Assim como a criança humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakósvki.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos, aprendi a ter coragem.
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se
aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não
se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa
casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da
garganta.
E já não podemos dizer
nada.
Nos dias que correm a ninguém é dado
repousar a cabeça alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.
Olho ao redor e o que vejo
e acabo por repetir são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam pela gola do
paletó
à porta do templo e me pedem que
aguarde
até que a Democracia se digne aparecer no
balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado a
ponto de cegar,
que ela tem uma espada a lhe espetar as
costelas
e o riso que nos mostra é uma tênue cortina lançada
sobre os arsenais.
Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado, no plantio.
Mas no tempo da colheita lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.
E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição
de falso democrata e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade, procurando, num
sorriso,
esconder minha dor diante de meus
superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!"
EDUARDO ALVES DA COSTA
Poema
publicado no livro 'Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século'
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